quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Viva a praça!



Em quase todas as cidades as praças são o principal ponto de encontro dos moradores daquele município ou localidade, principalmente em cidades bem pequenas do interior do Brasil. Além de ponto de encontro também pode servir como área verde, caso tenha muita arborização entre outras utilidades.

Especificamente em Macapá esta lógica ainda se segue mesmo sendo uma capital de quase 400 mil habitantes, pode-se dizer que nossa “praça central” seja o “lugar bonito” como é popularmente chamado, mas que seu nome real é Parque do Forte, nome este que nem deveriam ter colocado. Macapá possui a maior fortaleza construída pelo império português para defender a foz do Rio Amazonas e manter a soberania da Amazônia, uma fortaleza possui uma importância e uma imponência muito maior do que um simples forte, então por que não chamarmos o Parque do Forte de Parque da Fortaleza? Bem mas isso não vem ao caso.

Quando foi criado o Ex-Território Federal do Amapá em 1943, o Brasil e o mundo estavam em estado de guerra, afinal um dos argumentos dados na época para instalar os territórios foi à soberania nacional, pois bem, dentro deste contexto de guerra ouve repercussões na organização e na função das praças de Macapá. Perceba que as praças mais antigas de Macapá (Barão do Rio Branco, Nossa Senhora da Conceição, Chico Noé etc.) Não são praças, marcadas pela beleza, muito menos pelo paisagismo, em vez de coretos, jardins e flores, temos áreas voltadas exclusivamente á pratica esportiva,e algum resquícios de equipamentos para a musculação, quase não há árvores nestas praças, as que existem foram plantadas nas últimas 2 ou 3 décadas, assim como os parquinhos infantis.

Essas praças foram construídas dessa forma não foi “sem querer”, os militares queriam uma população local bem fisicamente, apta para reagir a algum ataque inimigo, a rígida educação cívica e patriótica que as escolas praticavam antigamente em Macapá, também seguiam essa lógica. Isso gerou pontos negativos e positivos, os positivos é que desde cedo acostumou a população a praticas esportivas, o ruim é que misturou em um só ambiente dois tipos de praças (passeio e esporte).

Nos últimos anos foram construídas muitas e muitas praças na capital foram construídos os “lugares bonitos” em bairros bem afastados do centro, bairros que não possuíam nem uma área de lazer se quer, e também em todos os municípios do interior do estado, mas se percebermos, mesmo essas novas praças que possuem um trabalho de paisagismo, ainda privilegia atividades esportivas, futebol sem dúvida na maioria das vezes. Apesar de uma boa alternativa sem dúvida para populações carentes das periferias, em todas elas não foi destinado nenhuma área especifica para eventos culturais.

Podemos perceber também outro grave problema, em várias outras cidades do país, são os próprios moradores da comunidade que cuidam das praças reúnem-se em associações, mantendo os bancos preservados, não arrancando plantas, postes, lâmpadas ou telhas. Muito diferente do que vem acontecendo em Macapá nos últimos anos, logo após o governo inaugurar a praça, não demorou muito para que telhas dos quiosques reservados para lanchonetes sumissem aos poucos, para que lâmpadas fossem ou quebradas ou roubadas, para que as quadras de esportes ficassem totalmente depredadas e lixeiras também sumissem, sem mencionar que várias plantas ninguém sabe onde foram parar.

Isso é resultado de alguns fatores, falta de educação, a falta de identificação que os moradores têm para com as praças, a falta de consciência do que é cidadania, e também o vicio criado na mentalidade da população local de que tudo, absolutamente tudo que está da porta da rua pra fora de sua casa é única e exclusivamente responsabilidade do poder público, como se manter as praças e o patrimônio público fosse só responsabilidade dos governos. É claro que existe a ação de vândalos entre outras, mas é tarefa da comunidade local fiscalizar e vigiar a preservação de praças e parques, só por que é público não quer dizer que se pode fazer o que quiser, é público, mas como tudo tem que haver regras e bom senso, temos que lembrar que não é o dinheiro do estado que está ali, e sim o nosso dinheiro. 

A manutenção da maioria das praças da cidade é tarefa da prefeitura, mas como fazer para executar um amplo projeto de manutenção ou reforma de praças se quase 80% dos moradores estão inadimplentes com seu IPTU? A cidadania é uma faca de dois gumes, ela nos dá direitos mas também nos dá deveres, e um deles é pagar nossos impostos e cobrar a boa aplicação deles, nos dias de hoje todos só falam em direitos, mas e os deveres cívicos, onde ficam? E a iniciativa privada que tem obrigação de investir no social também, a onde está?

obs: Não consegui carregar fotos, obrigado pela compreensão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário